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Manhãs gloriosas desta estância!
Com a saia arrepanhada, entre coxilhas
Persigo eu, a rir, minhas novilhas,
Revivendo um prazer da minha infância.
Mas, bah! logo me vejo observada
Por um "gáltcho" sério e sisudo
Dos que não riem senão de madrugada
Quando em torno da chaleira podem tudo.
Então acerto o passo disfarçando
Como cabe à prenda ou filha de patrão
Deixando a barra do vestido ir ao chão
E faço um cumprimento de cabeça
Digno e sincero, esperando
Que a ordem universal restabeleça.
08/04/2004
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Nota da editora
Este encantador soneto pampiano é, ao meu ver, um dos melhores testemunhos da capacidade da Alma de fazer poesia e crônica ao mesmo tempo, no espaço exíguo de 14 versos, captando sentidos e estórias sutis de mínimos acontecimentos, aparentemente triviais, que à maioria das pessoas passariam despercebidos. (Lucia Welt)
segunda-feira, 3 de março de 2008
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