sábado, 18 de abril de 2009

O ninho da Salamandra (de Alma Welt)

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Iremos lá, àquele Cerro, meu irmão,
Como fomos juntos às Missões,
Sete Povos, lembra? num verão,
Quando a lenda nos tocou os corações.

Mas ao Jarau iremos delirantes,
E assim encontraremos o caminho
E chegaremos à sala dos diamantes
Onde a Salamanca fez seu ninho.

E seguiremos, eu sei, e não malditos
Pois não somos movidos por ganância,
Mas pela graça de nossa leda infância.

Quanto ao ouro e o poder, estes gigantes
Não nos poderão deixar aflitos,
Que o tesouro vive em nós e vem de antes.

14/10/2006

sábado, 11 de abril de 2009

O Labirinto do Minuano (de Alma Welt)

Encontrei a passagem numa estante
Da fiel biblioteca e nosso gozo
Aqui no casarão, que num instante
Afigurou-se um labirinto perigoso.

Esta noite irei me aventurar
Pelo dúbio corredor mas instigante,
Não deixando todavia de me atar
À ponta de um novelo de barbante,

Mas temo que a passagem, por secreta,
Levará a imponderável metaplano
Que por certo nunca foi a minha meta,

E no centro do sulino labirinto
Estará o minotauro: o Minuano
Que, sim, me levará, eu bem o sinto.

03/11/2006


Nota
*Minuano- Nome do vento típico e famoso das planícies do Pampa. Este vento frio e veloz se insinua sibilante pelas frestas das portas e janelas fazendo cair de súbito a temperatura, enregelando e assustando as pessoas. Alma tinha grande temor e reverência por este vento, que quando soprava a deixava fora de si, histérica. Ela chamava o minuano de "rei Mino "e aterrorizada gritava que ele vinha buscá-la. Apavorada, assisti algumas vezes minha irmã perder o controle e debater-se no chão em convulsões quando soprava este vento terrível. Garanto que minha irmã não era epilética, mas sim hipersensível. (Lucia Welt)