segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A Druidisa (de Alma Welt)

Sacralizar a vida, redundância,
Que sagrada é e por princípio,
Reitero-o no âmbito da estância
Desde cândida guria neste sítio,*

Aos oito vinda daquele novo burgo *
Que já fora belo e mais germânico,
Quando o Vati, como bardo, demiurgo*
Pra cá nos trasladou sem nenhum pânico.

Fui infanta, sou princesa e druidisa
Só não colhendo o visgo dos carvalhos,
Que aqui são do umbu os grandes galhos...

Mas a herança dos mortos permanece
Na coxilha que a guerra não esquece
Seus farrapos ondulando pela brisa...*

Notas
*...neste sítio- Com "sítio", aqui, Alma quer dizer simplesmente "lugar".

*...novo burgo- Alma se refere a Novo Hamburgo, a cujo caminho nasceu na estrada e onde viveu até os oito anos. A cidade às vezes é chamada de Hamburgo Velho (pelos moradores muito velhos) em referência ao seu passado de colônia alemã.

* ...o Vati, como bardo, demiurgo...- "bardo", esta rica palavra que quando escrita com maiúscula se refere aos poetas celtas antigos, como aqui está escrita com minúscula está se referindo a uma espécie de curral mutável, onde ficam de noite as ovelhas para estercar a terra. Alma que dizer que o Vati (papai, em alemão, pr. Fáti) como um demiurgo (um deus criador) nos trasladou para a estância como um pequeno curral mutável, de ovelhas.

*...druidisa - Os druidas e as druidisas, sacerdotes e sacerdotisas dos celtas, colhiam com a foice de ouro o visgo dos ramos dos carvalhos para fazer uma poção mágica que lhes dava força e longevidade.

*Seus farrapos ondulando pela brisa...- Alma se refere às lembranças da Guerra dos Farrapos.
(Lucia Welt)

Nenhum comentário: