quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O gaúcho triste (de Alma Welt)

Um gaúcho triste aqui da estância
Contou-me que perdeu a genitora
Muito cedo, ainda em sua infância
E que isso era a razão de usar espora

E também a chibata em seu cavalo,
E que então não saberia mais montar
Se eu lhe tirasse esse direito ralo
(continuou algum tempo a rezingar).

Então eu perguntei-lhe o que queria
Para deixar de lado esses tormentos
Ao pobre do animal, filho dos ventos...

E à réplica do olhar sem mais rodeios,
A condição implícita que havia,
Rasguei o meu vestido bem nos seios.

(sem data)

Nota
Encantada, acabo de encontrar na Arca da Alma, este soneto inédito, que é uma amostra perfeita de como a minha doce irmã era, e como podia reagir de maneira imprevista e surpreendente, por impulsos de seu generoso coração, quando se tratava de suas mais nobres convicções. (Lucia Welt)

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