sábado, 17 de janeiro de 2009
Testamento "gáltcho" (de Alma Welt )
El gaucho (pintura de F. Reilly)
Por estes belos pagos do meu Sul
Que me foram dados de cenário
E raízes sob o imenso toldo azul
Que é o teto do meu templo imaginário;
Aqui onde os “gáltchos” machos são
Reis de um reino todo em seu cavalo,
Nos limites da honra e da razão
Que os leva a transpor o imenso valo
Que existe entre domínio e dominado,
Entre o ser de escolha e o malfadado
Tantas vezes alcunhado de “gaudério”;
Aqui cresci, me alcei, fui poetisa
Votada ao meu próprio mistério,
De meu próprio destino a pitonisa!
15/01/2007
Nota
Acabo de descobrir na arca dos escritos da Alma, este "testamento", que percebi ser inédito (ela já escrevera outros testamentos). Este me pareceu especialmente significativo, pois revela o grau de consciência que ela tinha de seu singular destino e grandeza. Sim, o mistério foi nota dominante em sua trajetória, pois tal dimensão de beleza numa vida vivida em permanente dimensão poética não é corriqueiro na história da literatura ou das artes. ( Lucia Welt)
*gáltcho - fonético de gaucho, como os "castelhanos" (uruguaios e argentinos, nossos vizinhos de "la Pampa" pronunciam o nosso "gaúcho". Alma normalmente se referia assim aos nossos peões.
quinta-feira, 1 de janeiro de 2009
Alma dos peões (de Alma Welt)
Eu vinha pelas sendas da campina,
Correndo como sempre de alegria
Com aquela risada cristalina
Que tem desses peões a simpatia.
Mas eis que fui parada em pleno prado
Por um deles, o Tomás, gaúcho macho
Com o seu chapéu de barbicacho
Barrando-me o passo, ali, montado.
E apeando da égua, assim, garboso
Logo instou-me a escanchar-me nela
Dizendo:“Dona Alma, ele escapou!”
Que era o touro bravo, perigoso
Que depois eu soube alguém soltou,
Talvez para me ver em sua sela...
28/10/2006
Correndo como sempre de alegria
Com aquela risada cristalina
Que tem desses peões a simpatia.
Mas eis que fui parada em pleno prado
Por um deles, o Tomás, gaúcho macho
Com o seu chapéu de barbicacho
Barrando-me o passo, ali, montado.
E apeando da égua, assim, garboso
Logo instou-me a escanchar-me nela
Dizendo:“Dona Alma, ele escapou!”
Que era o touro bravo, perigoso
Que depois eu soube alguém soltou,
Talvez para me ver em sua sela...
28/10/2006
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